Estigmas e provações de Padre Pio

Os estigmas e provações de Padre Pio


O primeiro sinal dos prodígios que Deus pretendia fazer na alma de Padre Pio foi a transverberação, ou seja, uma ferida no coração, que antecede a verdadeira estimação. Essa graça santificado ocorreu entre 5 e 7 de agosto de 1918.

Segundo um relato de Padre Pio a seu diretor espiritual, ele estava confessando um rapaz quando de repente viu a figura de um Personagem com uma lança flamejante que o atingiu no lado esquerdo do peito. Depois de se despedir do rapaz, retirou-se para sua cela e ali sofreu durante toda a noite:

Sinto no mais íntimo de minha alma uma ferida que está sempre aberta e me faz ter espasmos contínuos. Não seria esta uma nova punição infligida a mim pela Justiça Divina?

A Igreja determinou que Padre Pio fosse examinado por médicos, e eles concluíra que seu ferimento era semelhante ao produzido por uma arma de corte, mas não podia ter origem traumática nem infecciosa.

Estigmação

Os estigmas propriamente ditos, ou seja, as feridas nas mãos e nos pés, surgiram em 20 de setembro de 1918, uma sexta-feira.

Eis o relato do próprio Padre Pio, em carta escrita a padre Benedetto alguns dias depois:

Era manhã de 20 de setembro. Eu estava no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido por uma calma semelhante a um doce sono. Todos os sentidos internos e externos e até as próprias faculdades da alma alcançaram uma tranquilidade indescritível. Havia um silêncio total ao meu redor… E isso foi de repente. Enquanto tudo estava acontecendo, vi-me diante de um misterioso Personagem, semelhante ao que tinha visto em 5 de agosto, com a única diferença de que as mãos, os pés e o flanco nesse vertiam sangue. Fiquei aterrorizado ao vê-lo… não saberia dizer o que senti naquele instante. Sentia-me morrer, e estaria morto se o Senhor não tivesse intervindo para sustentar o coração que parecia querer saltar do peito. O Personagem sumiu, e eu vi que minhas mãos, meus pés e meu flanco estavam perfurados e vertiam sangue! Imagine a angústia e a confusão que sinto no íntimo da alma! Tenho medo de morrer esgotado se o Senhor não ouvir os gemidos de meu pobre coração e fizer cessar essa operação… Será que Jesus, com sua tão grande bondade, me fará esta graça? Pelo menos tirará de mim esta confusão que experimento por causa desses sinais? Levantarei forte a minha voz para Ele e não desistirei de lhe pedir que sua Misericórdia retire de mim não o tormento e a dor, mas estes sinais externos que me provocam uma confusão indescritível… (Epistolário I, pp. 1093s.).

Pelo resto de sua vida, Padre Pio carregaria consigo as marcas de Cristo crucificado, causa de terríveis sofrimentos. Nos dois primeiros anos, foi obrigado a se submeter a intermináveis exames médicos, que aumentavam ainda mais sua dor, e a inúmeras tentativas de curar suas feridas. Apesar de não infeccionarem, mesmo quando untadas com pomadas ou encobertas com curativos, elas jamais cicatrizaram e nunca deixaram de sangrar. Delas, saía um sangue vivo que formava crostas, as quais terminavam caindo por si sós.

As palmas e o dorso das mãos traziam buracos arredondados com cerca de dois centímetros de diâmetro, dando a impressão de que estavam realmente trespassadas. Por causa dessas chagas, Padre Pio não podia fechar completamente as mãos e escrevia com muita dificuldade.

Nos pés, feridas semelhantes causavam-lhe enorme desconforto ao andar. Ele nem sequer podia utilizar as sandálias prescritas pela regra franciscana e era obrigado a usar sempre sapatos fechados, confeccionados sob medida.

Um pouco abaixo do mamilo, a chaga do peito, embora parecesse menos profunda, era a que mais sangrava. Padre Pio a cobria sempre com panos, ou com um lenço branco, que, ao serem retirados, mostravam-se sempre empapados de sangue.

O sangue que escorria das feridas – em algumas biografias se diz que Padre Pio chegava a verter até uma xícara de sangue por dia -, surpreendentemente, não exalava nenhum mal cheiro. Ao contrário, das feridas se desprendia um suave odor de flores.


Trecho do livro Padre Pio – crucificado por amor.